Indicado apenas para maiores de 18 anos, o filme de ação Carter, dirigido pelo sul-coreano Jung Byung-Gil, é sem dúvida uma das produções mais alucinantes e subestimadas que emergiu no cenário cinematográfico nos últimos dois anos.
Este filme não é apenas uma sequência de cenas de ação empolgantes; é uma profunda reflexão sobre a condição humana na era do avanço tecnológico, onde a tecnologia serve tanto de salvaguarda quanto de algoz.
Um início turbulento
A narrativa começa de forma intensa, apresentando o protagonista em um estado de caos, despertando em uma sauna após um longo período de inconsciência. Este início imediato coloca o público direto no centro da ação, preparando o terreno para uma jornada frenética.
Inspirado por clássicos do gênero como Nikita: Criada Para Matar de Luc Besson e A Vilã, Carter transcende a mera violência ao infundir no personagem, interpretado magistralmente por Joo Won, uma consciência politicamente engajada e um dilema pessoal que ressoa com sua busca por identidade e redenção.
Conflitos internos e externos
O filme explora não apenas as lutas físicas de Carter, mas também sua batalha interna com a memória e a identidade.
Sob o codinome Michael Bane, ele oscila entre lealdades à CIA e ao NIS sul-coreano, atormentado por um dispositivo implantado que o conecta constantemente às suas missões, enquanto uma bomba em seu dente ameaça sua vida a cada momento.
Este dispositivo e a bomba simbolizam as amarras que o tecnológico e o político podem exercer sobre o individual, ampliando o tormento pessoal de Carter.
Estética e realização
Jung Byung-Gil, conhecido por sua habilidade de entregar cenas de ação espetacularmente coreografadas, utiliza enquadramentos circulares e uma montagem dinâmica que intensifica a sensação de desordem e desorientação, apropriados para o estado de mente do protagonista.
As perseguições e confrontos são capturados com uma energia crua, enquanto a trama avança, retratando a desconexão e adaptação de Carter a um mundo que parece cada vez mais alienígena.
Temáticas amplas
Além da ação e do suspense, Carter toca em temas geopolíticos atuais, refletindo o cansaço e as complicações dos conflitos entre as Coreias e os Estados Unidos.
Jung opta por uma abordagem audaciosa ao misturar questões pessoais e políticas, proporcionando ao filme uma camada adicional de complexidade que desafia o espectador a repensar o papel dos indivíduos em grandes narrativas políticas.
Com uma mistura de ação intensa, profundidade temática e uma performance cativante de Joo Won, o longa é uma obra que merece ser descoberta. Apesar de alguns momentos em que os efeitos visuais podem parecer exagerados, a força da atuação e a direção segura mantêm o público engajado.
Carter está disponível na Netflix e promete ser uma viagem inesquecível para os fãs de filmes de ação com uma dose significativa de profundidade narrativa e visual.