A adaptação da Netflix de Feios chegou repleta de expectativas, trazendo à tona a famosa história distópica do livro homônimo de Scott Westerfeld. A trama, que aborda uma sociedade onde todos são obrigados a passar por uma cirurgia para se tornarem “bonitos”, promete explorar temas como beleza, controle social e rebeldia. No entanto, a adaptação fez algumas mudanças que deixaram os fãs do livro com um gosto amargo, especialmente no que diz respeito a um dos personagens mais importantes para o arco da protagonista, Tally Youngblood.
No filme, o personagem Boss, crucial para a transformação interna de Tally, foi reduzido a uma breve participação especial que mal se destaca. Essa decisão trouxe questionamentos sobre como o corte do desenvolvimento desse personagem impactou o aprofundamento dos temas do filme e o crescimento da protagonista. Vamos explorar por que Boss merecia mais destaque na adaptação e o que sua ausência representa para a narrativa.
Quem é o Boss em Feios?
O Boss é um dos personagens mais intrigantes do livro Feios. Um membro dos Smokies, uma facção rebelde que vive fora das regras da sociedade, ele nunca passou pela cirurgia que transforma as pessoas em “bonitos”. Isso já o torna uma figura marcante aos olhos de Tally, que estranha sua aparência envelhecida, com rugas e pele flácida – algo que ela nunca tinha visto antes.
Mais importante do que sua aparência, o Boss tem um papel fundamental no desenvolvimento de Tally. Ele é o guardião da biblioteca do Smoke, preservando livros e revistas da antiga civilização Rusty. Para ele, esses artefatos são essenciais para entender a história da humanidade e os erros que a sociedade atual cometeu ao priorizar a beleza e a conformidade. Essa visão impacta diretamente Tally, ajudando-a a perceber que a verdadeira beleza vai além das aparências e que o valor do conhecimento e da individualidade foi perdido.
A importância do Boss no arco de Tally
No livro, o encontro de Tally com o Boss é um dos momentos mais importantes para sua jornada de autoconhecimento. Ao observar as revistas antigas que ele preserva, Tally percebe que a noção de beleza é subjetiva. Ela olha para modelos consideradas belas pela antiga civilização e as acha feias, o que a faz questionar as normas de beleza impostas pela sociedade em que vive.
Essa mudança de perspectiva é crucial para o arco de Tally, pois é o início de sua rebelião interna contra o sistema. O Boss se sacrifica para salvar esses livros e revistas durante um ataque, mostrando a Tally que o conhecimento e a história são vitais para a liberdade. Sua morte reforça a importância da resistência e do sacrifício em nome de algo maior, algo que é totalmente perdido na adaptação da Netflix.
O que aconteceu com o Boss na versão da Netflix?
Infelizmente, na adaptação de Feios para a Netflix, o Boss foi completamente apagado como personagem relevante. Ele é visto apenas brevemente empurrando um carrinho de mão no Smoke, e essa cena é tão rápida que muitos espectadores nem perceberiam sua importância. O personagem sequer recebe diálogos, e para piorar, o ator que o interpreta é o próprio Scott Westerfeld, autor do livro, em uma participação especial.
Essa escolha de transformar o Boss em uma mera figura de fundo prejudica o desenvolvimento dos temas centrais da história. Sem o Boss para guiar Tally em sua jornada de autodescoberta, parte da mensagem sobre a importância do conhecimento e a luta contra o conformismo se perde na narrativa.
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Como o Boss poderia melhorar a adaptação de Feios?
Ao dar mais destaque ao Boss na adaptação, a Netflix teria uma oportunidade de aprofundar a trama e os temas complexos que fizeram do livro um sucesso. O sacrifício do Boss para salvar a literatura e sua conversa com Tally sobre a importância dos livros ajudariam a solidificar o desenvolvimento emocional da protagonista.
Além disso, a mensagem de que a beleza é subjetiva, que foi tão bem explorada no livro, teria tido um impacto maior se Tally tivesse tido o mesmo encontro com as revistas antigas e se confrontado com suas próprias percepções de beleza. Essa é uma das grandes oportunidades perdidas do filme, que focou mais na ação e menos na profundidade temática.
O que Feios da Netflix deixou de entregar
A adaptação de Feios para a Netflix teve pontos altos, como a escolha de elenco e a fidelidade a certas partes da história original. No entanto, ao reduzir o papel do Boss a uma simples aparição, a trama perdeu uma parte fundamental do crescimento de Tally e da mensagem central da história. Personagens como o Boss são o que dão profundidade a distopias como Feios, pois eles ajudam a desafiar as percepções do protagonista e, por consequência, do público.
Com a possibilidade de continuações e a série derivada Impostors, fica a esperança de que futuras adaptações deem mais atenção a personagens e temas que fazem dessas histórias mais do que apenas aventuras de ficção científica. Afinal, uma boa distopia sempre vai além da superfície, e o arco do Boss é o tipo de narrativa que traz essa profundidade necessária.
