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Você se Lembra Destes Programas de Humor?

No universo da televisão brasileira, o humor sempre ocupou um lugar especial no coração dos espectadores. Desde os tempos de programas icônicos como “Os Trapalhões”, “Escolinha do Professor Raimundo”, até as inesquecíveis noites de terça com “Casseta & Planeta”, o riso era uma constante nas telas de nossas casas. No entanto, nos últimos anos, temos testemunhado uma notável diminuição da presença de programas de humor na TV aberta. Este texto busca explorar a evolução e, mais recentemente, a aparente regressão do humor televisivo, mergulhando na história desses programas que marcaram épocas e questionando as razões por trás dessa mudança de cenário.

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Só restou A Praça É Nossa

Em primeiro lugar, e de antemão, é importante destacar a tentativa audaciosa da Band de injetar humor em sua programação. A fim de alcançar esse objetivo, lançaram o show semanal ‘Nóis na Firma’, reunindo um elenco estelar, incluindo Moacyr Franco, Marcelo Médici, Gorete Milagres, entre outros. Apesar de todos os esforços, o programa, a princípio, não decolou como esperado.

Por outro lado, e ainda assim, no universo da TV aberta, principalmente no SBT, ‘A Praça é Nossa’ continua a brilhar. Esse programa imortal, comandado pelo carismático Carlos Alberto de Nóbrega, está tão enraizado na cultura televisiva que está criando um spin-off, ‘Pracinha’. Com toda a certeza, o futuro desse novo programa, assim como acontece frequentemente na TV, dependerá da sua recepção pelo público.

Antes de mais nada, é curioso observar esta cena para um mercado repleto de talento cômico. Isso levanta a questão: apesar de haver tanto talento, por que as redes de televisão tradicionais hesitam em investir mais nesse gênero? Com o propósito de explorar essa questão, devemos considerar que a falta de talento, com certeza, não é o problema.

A Globo, que antes se destacava como vanguarda do humor televisivo, parece ter se afastado do gênero

No entanto, e acima de tudo, o humor brasileiro não perdeu seu brilho, liderando as paradas na Netflix e fazendo sucesso no cinema. Isso se evidencia pelo filme ‘Minha Irmã e Eu‘, estrelado por Tatá Werneck e Ingrid Guimarães, que já atraiu mais de um milhão de espectadores e continua a lotar os cinemas.

Como resultado, esta situação coloca uma questão premente: o que falta para as redes de TV brasileiras transformarem o humor também em prioridade em suas programações? Às vezes, é preciso apenas uma mudança de perspectiva para revitalizar um gênero que, desde já, demonstra ter um público fiel e entusiasta.

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Vamos Relembrar Clássicos do Humor Brasileiro

Pânico na TV

“Pânico na TV”, um fenômeno televisivo que redefiniu o humor brasileiro, estreou em 2003 e rapidamente se tornou um dos programas mais inovadores e controversos da TV aberta. Caracterizado por seu humor ácido, esquetes satíricas e pegadinhas ousadas, o programa não só cativou como também desafiou o público brasileiro.

Com personagens memoráveis e uma abordagem irreverente dos acontecimentos atuais, o “Pânico” se destacou por quebrar convenções e empurrar os limites do que era considerado aceitável na comédia televisiva. Seu impacto no cenário do entretenimento foi tão significativo que alterou a forma como outros programas de humor abordavam a comédia, influenciando uma geração de comediantes e produtores. A ousadia e a criatividade do “Pânico na TV” deixaram uma marca indelével na história da televisão brasileira, estabelecendo um novo padrão para os programas de humor que vieram depois.

Viva o Gordo

“Viva o Gordo”, um marco inesquecível na história da televisão brasileira, foi um programa que brilhou nas décadas de 1980 e início dos 90 entre Globo e SBT, eternizando o talento incomparável de Jô Soares. Este show semanal de esquetes humorísticas destacava-se pelo seu humor inteligente, crítico e frequentemente satírico, abordando temas políticos e sociais com uma sagacidade rara.

Jô Soares, com sua versatilidade impressionante, dava vida a uma variedade de personagens, cada um com suas peculiaridades e mensagens subliminares, refletindo de forma lúdica e crítica os aspectos da sociedade brasileira da época. “Viva o Gordo” não era apenas entretenimento; era uma cápsula do tempo que capturava o espírito de uma era, utilizando o humor como ferramenta para comentar sobre a realidade do país.

O legado do programa permanece vivo, não só pela qualidade do humor apresentado, mas também por ter sido um dos precursores na utilização da comédia como um meio de reflexão social e política na televisão brasileira.

Os Normais

“Os Normais”, uma sitcom brasileira que estreou em 2001 na Rede Globo, rapidamente se tornou um clássico cult por sua abordagem inovadora e humor refinado. Protagonizado por Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, que interpretavam o casal Vani e Rui, o programa se destacava por seu formato único e diálogos repletos de ironia e sarcasmo.

A série, centrada nas situações cotidianas e muitas vezes absurdas vividas pelo casal, explorava com maestria os aspectos cômicos das trivialidades do dia a dia. “Os Normais” era especial por sua capacidade de transformar o ordinário em extraordinariamente divertido, criando situações hilariantes e identificáveis que ressoavam profundamente com o público.

A química entre os protagonistas, aliada a um roteiro inteligente e bem-humorado, fez com que a série se tornasse um marco na história da televisão brasileira, provando que a comédia pode ser encontrada na normalidade do cotidiano. Mesmo após o término da série, “Os Normais” continua sendo lembrado com carinho e admiração, servindo de inspiração para muitas produções de comédia que vieram depois.

CQC

O “Custe o Que Custar” (CQC), que estreou na televisão brasileira em 2008 na Band, marcou uma revolução no jornalismo e no entretenimento com seu estilo único de abordagem. O programa combinava humor, reportagens investigativas e crítica social de uma maneira até então inédita na TV brasileira.

Com apresentadores carismáticos como Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque, entre outros, o CQC destacava-se por sua abordagem irreverente e muitas vezes provocativa, abordando temas políticos, culturais e sociais com um olhar crítico e bem-humorado. O formato do programa, inspirado no modelo argentino, consistia em uma mistura de estúdio e reportagens externas, onde os repórteres realizavam entrevistas incisivas e por vezes desconfortáveis com figuras públicas, revelando a face muitas vezes não vista da política e da cultura.

O CQC também era conhecido por seus quadros inovadores e desafiadores, como o “Proteste Já”, que dava voz às denúncias do público. O legado do programa se mantém na forma como ele redefiniu os limites entre jornalismo e entretenimento, influenciando uma série de programas que vieram depois e estabelecendo um novo padrão para o humor crítico na televisão brasileira.

TV Pirata

“TV Pirata” foi uma série de comédia televisiva que revolucionou o humor na televisão brasileira nos anos 80 e início dos 90. Estreada em 1988 na Rede Globo, a série foi pioneira em satirizar não apenas a sociedade e a política, mas também o próprio universo televisivo, incluindo programas, novelas, comerciais e o jornalismo.

Com um elenco estelar, incluindo nomes como Débora Bloch, Diogo Vilela, Guilherme Karam, Louise Cardoso, entre outros, “TV Pirata” se destacou pelo seu humor ácido, inteligente e muitas vezes surreal. A série quebrou diversos tabus e convenções da época, abrindo caminho para uma nova forma de fazer comédia na TV.

Seus esquetes, que misturavam absurdo com crítica social, são lembrados até hoje por seu impacto e originalidade. “TV Pirata” não era apenas um programa de humor, era uma crítica mordaz e hilária da própria mídia e da cultura brasileira, deixando um legado duradouro na história da televisão nacional e influenciando gerações de humoristas e roteiristas.

Chico Anysio Show

“Chico Anysio Show” foi uma expressão emblemática do talento e versatilidade de Chico Anysio, um dos maiores humoristas da história da televisão brasileira. O programa, que teve várias fases e formatos ao longo dos anos, começou nos anos 80 e se estendeu por décadas, consolidando o status de Chico Anysio como um mestre da comédia.

O show era uma vitrine para o incrível talento de Chico em criar e interpretar uma vasta gama de personagens, cada um com suas características únicas, sotaques, manias e sabedorias, refletindo a diversidade e a riqueza cultural do Brasil. Entre seus personagens mais famosos estavam o Professor Raimundo, Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, e Coalhada, entre muitos outros. Cada esquete era uma mistura de humor, crítica social e comentário político, demonstrando a habilidade de Chico Anysio em transformar observações do cotidiano em arte cômica.

Tá No Ar

O “Tá no Ar: a TV na TV”, exibido pela Rede Globo a partir de 2014, rapidamente se firmou como um dos programas de humor mais inovadores e perspicazes da televisão brasileira. Criado por Marcelo Adnet e Marcius Melhem, o programa se destacava por seu formato único e sua capacidade de satirizar com inteligência a própria indústria televisiva e a cultura pop em geral. O show misturava uma variedade de esquetes que iam desde paródias de programas de TV, comerciais fictícios, até sátiras políticas afiadas, abordando temas atuais com um humor ácido e inventivo.

O “Tá no Ar” não se limitava a ser apenas um programa de esquetes; era uma crítica social incisiva, que brincava com os estereótipos da televisão e refletia sobre a sociedade brasileira de uma maneira extremamente criativa. A agilidade e a diversidade dos quadros, juntamente com as participações especiais de diversos atores e personalidades, mantinham o programa sempre fresco e imprevisível. O sucesso e o impacto do “Tá no Ar” se devem em grande parte à sua capacidade de unir humor inteligente com uma análise aguda dos meios de comunicação e da cultura brasileira, mostrando que é possível fazer humor de qualidade que é ao mesmo tempo divertido e provocativo.

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