Quando o sucesso “Dahmer: Um Canibal Americano” chegou à Netflix, não apenas conquistou prêmios para Evan Peters, mas também desencadeou controvérsias. Familiares e sobreviventes criticaram a produção, acusando-a de romantizar crimes chocantes e seus perpetradores. A polêmica transcendeu fronteiras com os filmes sobre Suzane von Richthofen, suscitando debates éticos sobre a representação de crimes brutais que marcaram o Brasil. A questão persiste: como produzir (e consumir) conteúdo de true crime de forma responsável, sem glorificar os criminosos?
O Fascínio pelo True Crime
Segundo a professora Whitney Phillips, da Universidade de Oregon, o true crime cativa a audiência por três motivos: o mistério envolvente, a satisfação de resolver casos no conforto do lar e a ideia de se proteger ou preparar para ameaças potenciais.
Flávia, diretora e roteirista com experiência na GloboNews, destaca que o verdadeiro interesse está em compreender a psique humana. “Crimes que desafiam nossos acordos sociais despertam curiosidade. Não é natural, dentro de nossas relações éticas, um pai matar uma filha. Nosso olhar se volta para isso porque toca em nossa natureza, em nosso lado sombrio.”
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Números Reveladores
- “Dahmer: Um Canibal Americano” permaneceu 3 semanas no top 10 global de filmes em língua não inglesa.
- A série atingiu 115,6 milhões de visualizações e 1 bilhão de horas assistidas.
- “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez” ficou 2 semanas no top 10 global de séries em língua não inglesa.
A Arte de Produzir True Crime
Dois podcasts brasileiros, “O Caso Evandro” e “Praia dos Ossos,” destacaram-se ao explorar casos notórios. Ambos compartilham estruturas similares, revisitando casos divulgados, mas com soluções controversas, provocando reflexões sobre legislação, impunidade e aspectos sociais.
Ambos projetos tiveram repercussões legais significativas, demonstrando que o true crime pode ir além da narrativa, influenciando decisões judiciais e debates sociais.
A Linha Tênue Ética
Flávia enfatiza a importância de considerar a ética ao criar obras de true crime. Cada equipe aborda a ética de maneira única, ponderando sobre a exposição sensível de vítimas. O desafio é discernir entre o interesse público e a perpetuação de estereótipos prejudiciais.
Cuidados Necessários
A psicóloga Jéssica Martani alerta para os possíveis impactos negativos do consumo excessivo de true crime, especialmente para quem lida com ansiedade e depressão. Observar limites e reconhecer o que promove bem-estar emocional é crucial, pois gatilhos externos podem influenciar o humor.
Ao imergir nos verdadeiros crimes, a reflexão é inevitável: qual é o preço de destacar assassinos que despertam curiosidade e, por vezes, fascínio, nas mentes comuns? O debate não é sobre proibir o consumo, mas sobre cultivar discernimento e responsabilidade.