Ah, o mundo do cinema! Nos transporta para realidades alternativas, nos faz rir, chorar e, às vezes, nos deixa boquiabertos com a pura estranheza de suas histórias. Mas, meus amigos, se vocês acharam que o filme Pobres Criaturas era um passeio selvagem através do bizarro e do inusitado, preparem-se para mergulhar na fonte original, o livro que inspirou o filme. E acreditem, o livro leva a estranheza a um novo patamar!
Por trás da loucura
Antes de mais nada, conheçam Alasdair Gray, o gênio escocês que não apenas escreveu Pobres Criaturas, mas também ilustrou a obra, dando-lhe um toque pessoal incomparável. Imagine um senhor de 70 anos, cheio de energia e entusiasmo, arrastando Yorgos Lanthimos, o diretor do filme, pelas ruas de Glasgow.
E não estamos falando de um passeio qualquer, mas de uma jornada pelas necrópoles e universidades, enquanto compartilha os segredos de sua narrativa excêntrica. Parece o enredo de um filme, não é mesmo?
Pobres Criaturas: Filme x Livro
Pobres Criaturas no cinema é uma criação peculiar de Lanthimos, repleta de elementos estranhos e encantadores, como uma mulher ressuscitada com o cérebro de seu filho ainda não nascido. Mas o livro? Ah, o livro é um caldeirão de peculiaridades! Imaginem uma Glasgow vitoriana repleta de teleféricos suspensos e roupas penduradas entre edifícios ornamentados. E isso é só o começo!
O bizarro e o belo
No coração desta história está Bella Baxter, interpretada no filme pela talentosa Emma Stone, uma personagem tão viva e vibrante no papel quanto na tela. Mas o que o filme não captura totalmente diz respeito a profundidade da estranheza do mundo de Gray.
Pensem em um Godwin Baxter (Willem Dafoe no filme) não apenas estranho, mas gigantesco, com uma cabeça descomunal e mãos “cônicas”. Isso sem mencionar sua voz desagradavelmente aguda, que perturba todos ao seu redor.
A dimensão política
Gray era um homem de fortes convicções políticas, algo que transparece vividamente em sua obra. No entanto, o filme opta por uma abordagem mais universal, focando na jornada pessoal de Bella, em vez de mergulhar nas águas profundas da política escocesa e do socialismo. Uma escolha deliberada de Lanthimos, mas que deixa de fora uma camada rica de comentário social presente no livro.
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Surgem questionamentos
E se eu disser que a toda história de Pobres Criaturas poderia ser uma invenção do marido tímido de Bella, uma tentativa de diminuir suas conquistas? O livro brinca com a ideia de narradores não confiáveis de uma forma que o filme nem chega perto, adicionando uma camada de ambiguidade que faz você questionar tudo o que acabou de ler.
E aí temos Felicity, a maior e talvez mais confusa adição de Lanthimos à história. Sua presença levanta mais perguntas do que respostas e, francamente, complica as motivações de Godwin e Max de maneiras que não acrescentam muito à narrativa central.
Um final para lembrar (ou esquecer?)
O filme opta por um final relativamente feliz para Bella, uma escolha que diverge significativamente do tom mais ambivalente do livro. A vida de Bella, conforme relatada por Gray, é repleta de altos e baixos, com um final que é mais agridoce do que triunfante. Uma diferença que não só altera a percepção da história, mas também a mensagem que ela transmite.
Então, o livro vale a pena?
Sem dúvida! Pobres Criaturas é uma viagem fascinante através da mente de Alasdair Gray, uma obra que combina humor, bizarrice e profundidade de uma maneira que só Gray poderia conseguir. E se este livro abrir seu apetite por mais, mergulhem de cabeça na vasta e estranha biblioteca de Gray.
Quem sabe, vocês podem se encontrar explorando as ruas de Glasgow surrealista ou se perdendo nas páginas de uma história de ficção científica apocalíptica. Então, caros leitores, enquanto Pobres Criaturas pode ter sido um passeio inusitado pelo cinema, o livro é uma jornada inteira pelo inexplorado. É estranho, é selvagem, é Gray no seu melhor. E se isso não despertou sua curiosidade, não sei o que despertará!