A greve dos atores e roteiristas em Hollywood traz à tona a questão da utilização de Inteligência Artificial para substituir as pessoas.
Desde 2 de maio deste ano, os roteiristas pararam suas atividades para a mais conhecida indústria cinematográfica, pleiteando direitos e ajustes em contratos. Em 13 de julho foi a vez dos atores cruzarem os braços.
Um dos motivos da maior greve do setor em 60 anos é a utilização da Inteligência Artificial no lugar dos profissionais.
A preocupação da classe se fundamenta na possibilidade do emprego da AI como forma de baratear os custos de certas atividades.
A Inteligência Artificial no contexto da greve
Tanto atores, como roteiristas e outros profissionais do cinema pedem cláusulas em contrato para se resguardarem quanto à Inteligência Artificial.
Isso porque a AI já foi empregada em diversas produções, como em Top Gun: Maverick (2022), ao dar voz a Val Kilmer. Em 2020, o ator perdeu a voz devido a um câncer de garganta.
Outro filme que utilizou a ferramenta foi Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023), para que o ator Harrison Ford aparentasse ser mais jovem.
Além disso, trabalhadores alegam que alguns grandes estúdios já pretendem comprar a imagem dos atores de forma permanente, com o intuito de utilizar sua figura e voz de acordo com cada projeto.
O objetivo dos atores com a greve, além de atualizar contratos e regularizar o repasse dos streamings, é que os estúdios obtenham o consentimento informado deles.
Com relação aos roteiristas, os mesmos se preocupam com a Inteligência Artificial para a elaboração de roteiros. O popular ChatGPT é um exemplo de AI aplicado para esse objetivo.
Desta forma, o Sindicato dos Roteiristas almeja definir os trabalhos autorais que não poderão ser replicados ou alterados pela Inteligência Artificial.
Além de atores e roteiristas, outros profissionais da área engrossam o coro quanto às críticas à Inteligência Artificial. Os dubladores também estão apreensivos com a utilização do método.
Qualidade das produções pode estar em risco
Outra preocupação diz respeito à qualidade das obras. Alguns artistas como o ator Alan Ruck, acreditam que a Inteligência Artificial trará um aspecto extremamente clichê aos roteiros.
O diretor de fotografia britânico Barry Ackroyd, por sua vez, diz que a AI não substituirá os humanos e que, mesmo que seja utilizada, não pode ser considerada como arte.
Ainda assim, roteiristas de filmes e séries temem a ferramenta revolucionária, visto que projetos que anteriormente possuíam dois ou três roteiristas podem, futuramente, utilizar apenas a Inteligência Artificial no lugar.
O que dizem os estúdios
Os estúdios, por sua vez, representados pela Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), falam em substituição de alguns profissionais e em simplificação das atividades de outros.
A Netflix, por exemplo, já está em fase de contratação do próprio profissional responsável pela Inteligência Artificial.
Outras empresas do ramo, como Paramount Global e Warner Bros., também estão utilizando a ferramenta em marketings promocionais e resumos de scripts.