A tecnologia de inteligência artificial (IA) tem avançado rapidamente, trazendo diversas inovações, inclusive na indústria do entretenimento. Contudo, o uso dessa tecnologia para emular vozes de dubladores falecidos tem gerado controvérsias.
Uma dessas vozes é a de Isaac Bardavid, famoso por dublar o personagem Wolverine.
Recentemente, o ator e dublador Guilherme Briggs se pronunciou de forma enfática contra a utilização de IA para recriar a voz de Bardavid.
A controvérsia da IA na dublagem
Desde o anúncio de Deadpool & Wolverine e da série X-Men ’97, fãs da franquia Marvel começaram a especular sobre quem seria o novo dublador do Wolverine, anteriormente interpretado por Isaac Bardavid. Bardavid foi responsável por dar voz ao mutante nos filmes da extinta Fox e na clássica animação dos anos 1990, agora revitalizada. Com sua morte em 2022, surgiu a preocupação sobre quem continuaria seu legado vocal.
A popularização da IA para emular vozes trouxe uma solução para alguns fãs: utilizar essa tecnologia para recriar a voz icônica de Bardavid. Recentemente, fãs usaram IA para dublar um trailer de Deadpool & Wolverine com a voz de Bardavid, o que reabriu discussões sobre a ética e a regulamentação dessa tecnologia. Tanto familiares quanto amigos do dublador resolveram se pronunciar sobre o assunto.
Guilherme Briggs: crítica e preocupação
Guilherme Briggs, renomado dublador conhecido por seus trabalhos como Superman, Optimus Prime e Buzz Lightyear, publicou um vídeo criticando essa prática. “Até entendo a saudade que a gente tem dele, a vontade de ver a voz dele sempre no Wolverine, mas estamos passando do limite”, afirmou Briggs. Ele enfatizou que o próprio Isaac Bardavid não aprovaria essa técnica. “Se você quer realmente homenagear o Isaac, compartilhe dublagens e trabalhos que ele fez. Relembre sua arte de forma respeitosa.”
Briggs explicou que a manipulação da voz por IA cria uma representação vazia e desprovida de arte, algo que Isaac, como artista, não aprovaria. “Se ele visse a voz dele sendo manipulada por uma máquina, ele perguntaria: ‘O que é isso? Que Frankenstein é esse?’ Será que não é mais necessário ter um Isaac Bardavid?”
João Bardavid: uma visão pessoal
João Bardavid, neto de Isaac, também se manifestou contra o uso de IA para emular a voz do avô. Em uma publicação no Instagram, ele agradeceu o carinho dos fãs, mas destacou que Isaac não aprovaria essa prática. “Eu consigo imaginar ele rindo e dizendo: ‘Isso tá uma m*rda, apaga isso.’”
João reconheceu a intenção dos fãs em homenagear seu avô, mas insistiu que esse tipo de tributo, embora bem-intencionado, não é adequado. Ele sugeriu que os fãs lembrem de Isaac Bardavid através de seus trabalhos reais e contribuições artísticas.
O futuro da dublagem e da IA
Atualmente, Luiz Feier Motta assumiu a dublagem de Wolverine em X-Men ’97 e Deadpool & Wolverine, já tendo dublado o personagem em X-Men: Evolution. A escolha por atores reais para continuar o legado de Bardavid reflete uma decisão de manter a arte da dublagem viva através de profissionais talentosos.
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A controvérsia em torno do uso de IA para recriar vozes levanta questões importantes sobre ética e respeito ao legado dos artistas. O posicionamento firme de figuras influentes como Guilherme Briggs e João Bardavid destaca a necessidade de regulamentação e sensibilidade ao lidar com as contribuições artísticas dos dubladores falecidos.
Com a evolução contínua da tecnologia, é crucial encontrar um equilíbrio entre inovação e respeito pelas tradições artísticas, garantindo que a arte da dublagem continue a ser uma expressão genuína de talento e dedicação.
