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A Renascer Original Não Iria ao Ar em 2024

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Trinta anos separam a versão original de Renascer, concebida por Benedito Ruy Barbosa, do remake habilmente escrito por Bruno Luperi. Embora o autor tenha se empenhado em manter a fidelidade à obra de seu avô, algumas nuances da narrativa precisaram ser ajustadas para se adequarem à sensibilidade contemporânea. Cenas anteriormente inofensivas agora são repudiadas, revelando aspectos de racismo, machismo, LGBTfobia e até exploração infantil.

Foto: TV Globo

A Transformação do Passado: Exploração Infantil em Foco

Em uma das cenas amistosas de José Inocêncio (Antonio Fagundes) no bar de Norberto, interpretado por Nelson Xavier (1941-2017), o fazendeiro presencia uma situação que, nos dias atuais, causaria estranheza. O ato de uma criança servir uma bebida à mesa é considerado exploração de trabalho infantil, destacando as mudanças nos padrões sociais ao longo do tempo.

Novo Contexto: Adaptações Necessárias

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Na época da transmissão original da novela, o Estatuto da Criança e do Adolescente ainda era recente, publicado apenas três anos antes. O documento estabeleceu a proibição de qualquer tipo de trabalho para menores de 16 anos. Na versão atual, Norberto (Matheus Nachtergaele) gerencia sua venda sem a presença de um pequeno ajudante, refletindo as transformações sociais e legais ao longo das décadas.

Linguagem e Sensibilidade: Superando Estereótipos e Machismo

Detalhes cruciais do texto foram ajustados para eliminar termos que não condizem com os valores contemporâneos. O uso do termo “mulatas” para se referir às mulheres negras, presente na versão original, foi eliminado devido ao estigma racista associado à palavra. A adaptação busca respeitar a evolução do entendimento social sobre questões raciais.

Foto: TV Globo

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Atualizações Necessárias: Sexualidade e Identidade de Gênero

A maneira de retratar a sexualidade dos personagens também passou por adaptações em Renascer. Diálogos com teor machista foram retirados do roteiro, visando uma abordagem mais inclusiva. O personagem Buba (Maria Luisa Mendonça/Gabriela Medeiros) enfrentou mudanças significativas, especialmente em relação à sua identidade de gênero. A abordagem cuidadosa do remake destaca a importância do respeito à diversidade.

Perspectiva Transcendente: Repensando a Identidade de Buba

Um dos pontos de destaque foi a mudança na abordagem da identidade de gênero de Buba (Gabriela Medeiros). No passado, o personagem era intersexo e não se identificava com o gênero atribuído ao nascimento. No remake, a trama abordou a violência transfóbica relacionada à curiosidade sobre o “nome morto” de Buba, proporcionando uma lição de moral e destacando a importância do respeito à individualidade.

Renascer, escrita e criada por Benedito Ruy Barbosa em 1993, passou por uma adaptação cuidadosa nas mãos de Bruno Luperi em 2024. As alterações na narrativa refletem não apenas a evolução da sociedade, mas também a sensibilidade em abordar questões como exploração infantil, racismo, machismo e diversidade de gênero. Este remake promete ser mais do que uma simples revisita à história original, sendo uma reflexão sobre a transformação de valores ao longo do tempo.

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